O nome Helena Kolody (1912-2004)pode ser colocado entre os mais importantes da poesia brasileira. Esta paranaense teve a vida dedicada a dar rima às palavras, além de ser professora num tempo em que para mulher era a única profissão permitida.
Numa entrevista a poetisa revelou que não conseguia escrever poemas tristes e deprimentes. Tanto que um de seus poemas serviu para alimentar uma alma aflita.
“A prece” foi um bálsamo para uma ex-aluna, num momento de desespero, quando pensou em suicídio. Este fato confidenciou a mim. Na época, a poetisa tinha 80 anos e foi numa entrevista realizada para o Pensando no Futuro, uma coluna do Viver Bem, na Gazeta do Povo.
Com seu jeito meigo revelou que soube por sua ex-aluna muitos anos depois, quando a menina já estava casada e mãe, que num momento de profunda depressão tinha decidido ingerir veneno e só não o fez porque sua alma desesperada foi alimentada pelas palavras afetuosas do poema a “A prece”.
Helena Kolody sempre entendeu que o poder da palavra era muito forte ao ponto de salvar vidas.
A prece.
“Concede-me Senhor a graça de ser boa
De ter o coração singelo que perdoa
A solícita mão que espalha sem medidas
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira da alma alheia o espírito que magoa”.
Portanto, deixemo-nos levar pela delicadeza das palavras de nossa poetisa maior, que sem medidas espalha estrelas pela noite escura de outras vidas, neste momento tão sério e de luto pelas perdas em nosso país pelo Covid 19. Que tenhamos esperança sempre dentro de nossos corações e consigamos vencer este inimigo mortal e invisível com o apoio da ciência e muita fé.
Que as estrelas brilhem na noite escura de outras vidas!
1 comentário
Muito bom e reconfortante ler esses belos versos nesse tempo de dor e sofrimento.