A homenagem feita a Lucia Helena Fernandes Stall na Festa de Confraternização de 2016 da Família OContrato propõe uma reflexão a todos: qual o fator mais importante para um projeto social dar certo.A resposta nessa história de meninos que deixaram a rua ficar para trás, foi o amor e a dedicação que transformou suas vidas.
A delicada apresentação feita por Elias, Valdinei, Marcos, Alex, Leandro, Carla e Luana, não se limita aos depoimentos, mensagens e músicas. O vídeo é amador, com interferências de som, embora para as pessoas que participaram do evento as palavras proferidas e perpetuadas na gravação são preciosas.
As singelas palavras de agradecimento e afeto ditas por eles e por Lucia têm dentro de cada uma delas um sentido muito maior, uma compreensão que percorre 18 anos de convivência e dias após dias de escuta sobre pequenas e grandes dificuldades que cada um deles enfrentou ao lado dessa ‘mãe do coração’.
Todos os cinco,sem exceção, incluindo Carla e Luana,já casadas, as irmãs de Leandro que também receberam estímulos para serem hoje as universitárias dedicadas que são, todos buscam um lugar ao sol nesse Brasil desigual para dar um vida mais digna aos seus filhos.
Esses meninos-homens dão duro na vida. Completaram o primeiro grau e a vida exigiu deles mãos à obra. Hoje trabalham o dia todo e se puderem vão procurar um bico para fazer depois do trabalho, como entregar pizza ou qualquer outra coisa que renda mais uns trocos. A luta é árdua. Mas o resultado é motivador e se materializa em uma casa construída com suor, um carro para ajudar no trabalho, no sapato para filho ir à escola e na comida na mesa.
Para você leitor, talvez, não signifique nada, mas para os que acompanham essa história há muitos anos cada conquista é um jorrão a soltar. No balanço de 2016, o desafio foi para Brenner (filho de Valdinei) ganhar boas notas na escola, Marcos arranjar um emprego, Leandro, agora sozinho, trabalhar muito e ter tempo para cuidar de seus quatro filhos.
“Tudo, tudo vai dar certo”, diz Lucia para eles quando procuram para um apoio.”Não fiz nada sozinha.Tive ao meu lado a família deles e meus amigos para me dar força e inspiração nessa caminhada”.
A rua ficou para trás e faz parte apenas de uma memória distante, de cinco meninos que no semáforo se chegavam naquela mulher que abria janela do carro e os percebia como seres humanos dentro de uma sociedade injusta.
A resposta para um projeto social dar certo não é apenas uma, são muitas. Para a amiga Mara Lima, foi a personalidade da Lucia que desde moça, como professora, já ajudava as crianças, a família e tudo mais. Eliana Zelonka, reforça que essa mulher de coração grande soube equilibrar os amores entre a família, os filhos verdadeiros e os que surgiram no lado esquerdo do peito. Nenhum saiu perdendo. A própria Lucia sempre repete que um projeto para transformar a sociedade precisa de um acompanhamento até a segunda geração.
Então Dalai Lama está certo. …”Trabalhar com constância, como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação”.